diário
Dec 2, 2020
Uma memória espalmada entre os dedos
feito cantiga de ninar folhas
o verde mais vivo do sangue
a lembrar dos gritos e dos medos
tantos tantos
na janela dos meus ossos
por onde vejo as flores que vovó
plantava em meu corpo nas noites cheias de luz
e água, choro vertente pelos rios
do nosso ventre — único e absoluto
como a terra
e o cheiro despetalado
da minha mãe.