diário

(colagem digital: Thainá Carvalho)

Uma memória espalmada entre os dedos

feito cantiga de ninar folhas

o verde mais vivo do sangue

a lembrar dos gritos e dos medos

tantos tantos

na janela dos meus ossos

por onde vejo as flores que vovó

plantava em meu corpo nas noites cheias de luz

e água, choro vertente pelos rios

do nosso ventre — único e absoluto

como a terra

e o cheiro despetalado

da minha mãe.

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Thainá Carvalho

Escritora, curadora e revisora. “As coisas andam meio desalmadas” (Penalux, 2020). Editora da Revista Desvario e coorganizadora do Sarauema. ig @oxente_thaina